Amyr Klink fala ao Metrópoles sobre experiências e desafios no mar

Reconhecido como um dos exploradores mais renomados do mundo, Amyr Klink estará em Brasília para compartilhar suas lições de vida na palestra "Oceano da Vida: encontrando a felicidade e a paz em meio às tempestades".

Por Diário Goianiense em 21/06/2024 às 02:13:26

Reconhecido como um dos exploradores mais renomados do mundo, Amyr Klink estará em Brasília para compartilhar suas lições de vida na palestra "Oceano da Vida: encontrando a felicidade e a paz em meio às tempestades". O evento acontecerá no dia 27 de junho (quinta-feira), às 19h30, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães.

Em entrevista ao Metrópoles, o navegador contou um pouco sobre a sua relação com a navegação, aprendizados e momentos que viveu em meio ao oceano. Autor de best sellers, Amyr teve obras publicadas em seis idiomas e vendeu mais de 1 milhão de exemplares. Palestrante há 38 anos, ele já realizou mais de 3,2 mil eventos em 16 países.

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Como surgiu a paixão pela navegação? Alguma figura te inspirou?

Meu interesse não foi por alguma inspiração ou exemplo. Não tenho nenhum navegador na minha família. Eu me encantei pelo mundo da navegação por meio da literatura. Sempre gostei de ler e foi por meio dos livros que decidi ser navegador. As literaturas francesa e sueca, por exemplo, têm histórias impressionantes de viagens épicas que foram muito bem relatadas na palavra escrita.

Qual foi o livro que mais te impactou para seguir na navegação?

O livro que mais me impactou foi A Expedição Kon-Tiki, que retrata uma história real e foi publicado no fim da década de 1940 por Thor Heyerdahl, um norueguês que resolveu testar uma teoria extremamente polêmica. Segundo ele, a migração para a Polinésia veio da América do Sul. Muito contestado na época, ele resolveu provar na prática. Thor Heyerdahl construiu uma jangada e atravessou o Oceano Pacífico em 101 dias. O livro foi um megassucesso internacional. Depois, ainda tive a oportunidade de conhecê-lo e, a partir daí, li muitos outros livros.

Foi a leitura da Expedição Kon-Tiki que te inspirou a fazer a travessia a remo de 100 dias pelo Atlântico Sul?

Não. Para falar a verdade, quando ouvi falar das primeiras travessias no Atlântico Norte a remo, achei essa ideia a mais estúpida que se poderia existir. Comecei a estudar o porquê de várias tentativas terem fracassado e o resultado foi interessante. Descobri que as razões não eram pela exaustão física, pela distância ou pelos perigos do oceano, como tempestades e ondas gigantes. Eram falhas de preparação quase infantis. E foi assim que, sem querer, nasceu o projeto da minha primeira travessia, que já faz 40 anos.

Amyr Klink

Qual foi a situação mais difícil que você enfrentou?

Foram inúmeras, mas algumas me deram muito prazer. Por exemplo, eu peguei, durante 12 dias, a famosa tempestade que aconteceu durante a regata Sydney-Hobart (1998). Um evento trágico, em que muita gente morreu e dezenas de barcos naufragaram. Passei muito susto, pois peguei o pior pedaço da tempestade, mas não quebrei nada no barco. E o simples fato de eu ter passado por ela – claro, com muita dificuldade, porém não ter quebrado equipamento e não ter me desesperado – foi um motivo de muito prazer.

Qual o maior aprendizado que você teve ao longo da sua jornada como navegador?

A gente nunca sabe o suficiente quando está navegando, sempre tem alguma coisa para aperfeiçoar, para simplificar. É um processo de aprendizado contínuo, em que você tem que compreender quais são os seus limites, quais são os limites dos equipamentos e dos materiais que você usa. E esse é um processo muito interessante, porque você simplesmente não para de aprender. Cada nova viagem que fiz para a Antártida nesses anos foi uma experiência diferente da anterior. Então, a gente está sempre aprendendo e eu gosto muito disso.

amyr klink
Klink realizou 20 expedições marítimas, 15 delas para Antártica

Nesse caso, tenho uma vantagem em relação à maioria dos grandes navegadores no mundo, pois eles não fazem o barco. E eu faço o barco com todos os equipamentos e isso faz muita diferença. Muita gente me pergunta como dar a volta ao mundo em um veleiro, e eu sempre digo: faça o barco. Quando terminar, você vai estar louco, mas a viagem vai dar certo. Esse envolvimento no processo técnico, e até burocrático, te dá confiança, te dá recursos intelectuais para você consertar os problemas que surgirem ao longo do caminho. E sempre surgem problemas.

Como é para você ver a sua filha seguindo os seus passos?

Sei que inspirei muita gente a navegar, mas se tem alguém que eu não queria inspirar era minha filha, porque são viagens de alto risco. Mas aí são coisas da vida. Você acaba influenciando as pessoas que estão próximas. O lado bom é que a inspirei nesse sentido de fazer com critério, com cuidado, de não deixar nada para trás, de pensar bem e aprender com quem depende do mar para sobreviver. A minha mulher, Marina, largou a empresa superpróspera e resolveu começar do zero para poder navegar pelo mundo e fazer fotos de animais pelo Ártico.

amyr klink e filha tamara

Você já fez algumas expedições com a família. Como foi lidar com a convivência familiar em meio ao oceano?

A convivência sempre foi engraçada, porque tenho uma mulher que é totalmente diferente de quem eu sou. Marina é expansiva, sempre dá risada, faz piada, e isso ajudou a deixar as coisas mais leves. Porém, a primeira coisa que aconteceu nas viagens iniciais foi a percepção do problema da contingência. Por exemplo, não tinha água abundante para ficar lavando o cabelo por 20 minutos, não existe isso. Cada uma (esposa e filhas) recebia quatro litros de água doce por dia e elas precisavam se virar com essa quantidade. Posso até ter água a bordo, mas não dou mais do que quatro litros. E, assim, elas foram aprendendo a usar, de maneira eficiente, recursos importantes, como o calor, a água doce e a energia. Sem querer, isso foi um aprendizado muito importante para elas.

Como é lidar com a solitude em meio ao oceano? Em algum momento você sentiu falta do contato humano durante as suas expedições sozinho?

Nunca senti falta. E uma coisa que percebi é que as experiências solitárias são extremamente ricas em aprendizado. Falo de descobrir os próprios limites, de poder ir mais longe com menos recursos, essas coisas. As viagens que fiz com a família foram, por incrível que pareça, muito mais tensas do que as grandes viagens solitárias que fiz. Foram mais tensas, porque você acaba se tornando responsável pelos outros, e aí é uma carga a mais de preocupação. Sozinho, você só se dedica ao objetivo de chegar ao outro lado.

E seus projetos futuros? Pensa em realizar uma nova expedição, escrever um novo livro?

Estou trabalhando em um projeto de casas flutuantes. Estamos fazendo uma série de documentários que devem ser lançados no próximo ano. Esse é um assunto que me atrai há muitos anos. Tenho uma marina toda flutuante, e meu escritório em Paraty é uma casa flutuante. A ideia de morar em cima da água me agrada profundamente. Temos planos de expandir isso para cidades e criar bairros flutuantes no mundo todo.

E você pensa em se aposentar?

Não. Enquanto a saúde e o bom senso cerebral me permitirem, eu pretendo continuar. A navegação não exige tanto fisicamente, é só tomar cuidado para não se machucar. Conheci navegadores que começaram com 75 anos e tiveram carreiras maravilhosas.

Palestra com Amyr Klink
Klink é um dos mais respeitados exploradores do mundo

O que o público pode esperar da palestra em Brasília?

Vou falar um pouco sobre essa experiência de se fazer muito com pouco, de ir longe com recursos que temos à nossa disposição. Sobre a importância de você enxergar o contexto e perceber o quanto a gente consegue construir a partir da sinergia e sincronismo em grupo. Só que eu vou dizer tudo isso com exemplos práticos. Espero que o público goste.

Metrópoles Talks

O Metrópoles realiza a 1ª edição do Metrópoles Talks com uma palestra cheia de reflexões sobre a jornada da vida com o célebre navegador Amyr Klink.

O evento "Oceano da Vida: encontrando a felicidade e a paz em meio às tempestades" será realizado em 27 de junho (quinta-feira), às 19h30, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães (Sala Planalto).

Os ingressos estão disponíveis para venda no site Bilheteria Digital.

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Amyr Klink em Brasília

Palestra: "Oceano da Vida: encontrando a felicidade e a paz em meio às tempestades"

Data e horário: 27 de junho (quinta-feira), às 19h30

Local: Centro de Convenções Ulysses Guimarães (Sala Planalto)

Onde comprar: Bilheteria Digital

 

Fonte: Metrópoles

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